O amor é sentimento, mas também é ação. E sua manifestação não
se entende de forma lógica. Quando um amigo está em perigo e o
outro percebe a sua necessidade, a lógica é não ajudar para
permanecer seguro, mas o amor o leva a se arriscar para ajudar seu
amigo. O amor é irracional.
O amor de Deus por meio de Cristo Jesus é o mais irracional que
existe, incompreensível, mas por essa mesma razão maravilhoso,
apaixonante, porque, “...sendo Deus, não
considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas
esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos
homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e
foi obediente até a morte, e morte de cruz!” (Filipenses 2:6 a 8).
Ele é Emanuel – Deus conosco! (Mateus 1:23)
A Bíblia nos informa que houve guerra no céu, onde Miguel e seus
anjos expulsaram de lá Satanás e seus anjos. (Apocalipse 12:7 a 9)
Miguel na Bíblia é um dos nomes de Jesus. Não vou entrar em
detalhes teológicos desse fato aqui. Mas um estudo profundo do
assunto é suficiente para esclarecer isso. Jesus mesmo disse: “Eu
vi Satanás caindo do céu como relâmpago” (Lucas 10:18).
A guerra se deu porque um anjo começou a se tornar orgulhoso e
conseguiu por em dúvida o caráter de Deus e a justiça de sua lei.
Esse anjo tornou-se Satanás, o adversário, porque não se
arrependeu e, com ele, muitos outros anjos se voltaram contra Deus.
(Ezequiel 28:12 a 18; Apocalipse 12:7 a 9) Jesus veio aqui para
morrer na cruz não apenas para nos salvar e nos dar vida eterna, mas
para reconciliar o Universo com Deus. “Portanto,
por meio do Filho, Deus resolveu trazer o Universo de volta para si
mesmo. Ele trouxe a paz por meio da morte do seu Filho na cruz e
assim trouxe de volta para si mesmo todas as coisas, tanto na terra
como no céu.” (Colossenses 1:20) A
dúvida levantada pelos anjos rebeldes era sobre a justiça da lei de
Deus e a necessidade da obediência a ela, alegando que Deus era
injusto impondo restrições desnecessárias à liberdade deles por
meio da lei. Isso levou os demais anjos que não caíram a uma
questão: quem está certo? O engano foi tão profundo que, se Deus
tivesse destruído Satanás e os outros rebeldes então, os demais
anjos continuariam a servir a Deus por temor de ser destruídos e não
por amor. Por isso Deus permitiu que o tempo mostrasse o resultado
das ações dos rebeldes a fim de que os demais compreendessem a
justiça de sua lei e suas dúvidas fossem sanadas.
Depois da guerra no céu foi
criada a terra e o homem, e este foi submetido a um teste de
lealdade, que consistia em obedecer a uma regra simples, de comer ou
não o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Satanás
tentou a mulher a desobedecer, e ela, depois de desobedecer, levou o
fruto para Adão, e então ele também desobedeceu para não se
separar dela. Escolhendo ouvir a voz do adversário em vez da voz de
Deus que lhes dera vida, pensando em “ser
como Deus, conhecendo o bem e o mal” (Gênesis 3:5)
eles abriram a porta ao mal para todo o mundo e assim Satanás teve
liberdade de tentar todo ser humano sobre a terra e espalhar o mal no
mundo todo. Levou sua rebelião adiante e a desgraça resultante com
toda sorte de maldade e miséria que se viu desde então é o
resultado direto da transgressão da lei de amor de Deus.
Aqui entra o amor de Deus por
nós. Por sua transgressão da expressa ordem de Deus, nossos pais
deveriam morrer. A lei de Deus tinha sido quebrada, e só a morte
pagaria o preço pela traição do homem. Então Jesus resolveu nos
dar uma outra oportunidade, ele mesmo decidiu morrer, para pagar em
nosso lugar a pena pela quebra da lei de Deus e nos dar seu perdão e
sua justiça. Foi uma luta para o Pai permitir ao Filho sofrer toda
humilhação para nos salvar, mas em seu amor por nós ele consentiu
e ficou estabelecido o plano da salvação. Adão e Eva receberam a
promessa de que um dia Deus enviaria seu filho, na descendência
deles, para pisar a cabeça da serpente, Satanás, e dar-nos
novamente vida eterna. (Gênesis 1 a 3)
Alega-se
que Jesus tornou a obediência à lei de Deus desnecessária, mas o
próprio fato dele ter de pagar com seu sangue pela transgressão da
mesma prova que antes de anular a lei, ele a confirma. Até porque se
ela pudesse ser alterada não teríamos mais culpa e seria ridículo
pensar que Jesus precisaria morrer para satisfazer as exigências de
uma lei que já não existiria. Como ele mesmo disse: não veio
abolir a lei, mas cumprir (Mateus 5:17). E ainda: “Como
o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor. Se vocês
obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim
como tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e em seu amor
permaneço.” (João 15:9 e 10).
O plano da salvação está
completamente ligado com a lei de Deus. Jesus veio nos salvar da
morte por termos pecado desobedecendo sua lei, pagando por nossa
culpa com sua morte, perdoando-nos e nos dando a força necessária
para deixar de pecar vivendo em obediência aos seus mandamentos.
Evangelho é um termo do Novo
Testamento, mas desde Gênesis ele é apresentado. Antes de Cristo
Deus instituiu um meio de mostrar às pessoas a grandeza do
sacrifício que Jesus faria por eles. Um cordeiro deveria ser
sacrificado, como símbolo do Cordeiro de Deus que tiraria o pecado
do mundo (João 1:29). E as pessoas eram levadas a obter o perdão de
Deus aceitando a morte de Jesus em seu lugar, no futuro. Assim eles
eram perdoados pela fé na promessa do salvador vindouro. A primeira
descrição do sistema sacrifical de obtenção do perdão divino é
apresentada em Gênesis, quando Abel faz sua oferta. (Gênesis 4) A
primeira Páscoa foi ordenada por Deus quando os israelitas saíram
do Egito. Consistia em uma comemoração do amor misericordioso de
Deus em salvá-los aceitando-os por meio do futuro sacrifício de
Cristo. Por esse motivo um cordeiro sem defeito era morto e comido
nessa festa, e naquele dia o sangue do animal foi usado para marcar
as casas onde Deus pouparia as pessoas que tinham fé nisso. (Êxodo
12:1-14)
Existe uma confusão com relação
às leis porque depois do pecado de Adão e Eva Deus deu as leis
referentes aos sacrifícios, por meio de Moisés, que deixaram de
valer com a morte de Cristo porque referiam-se aos rituais que
apontavam para o que ele faria. (Hebreus 10:8 a 10) A lei moral,
porém, encontramos desde Adão e Eva. Foi ela que condenou Adão e
Eva, Caim e toda a humanidade, mesmo antes de Moisés, por seus maus
atos. E o mandamento do sábado, o quarto da lei moral, está
registrado em Gênesis 2, antes mesmo da queda do homem.
Dessa forma entendemos que o
homem sempre foi salvo pela fé em Jesus Cristo, com a diferença de
que antes dele vir os homens eram salvos pela fé na promessa de sua
morte e ressurreição expiatórias, e hoje somos salvos pela fé na
salvação que ele já realizou com sua morte e ressurreição. E
também que a lei de Deus é tão sagrada que Jesus precisou morrer
para que a justiça exigida por ela fosse feita.
“Pois ele nos resgatou do domínio das
trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem
temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados. Ele é a imagem
do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois nele
foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as
invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades;
todas as coisas foram criadas por ele e para ele. Ele é antes de
todas as coisas, e nele tudo subsiste. (…) Pois foi do agrado de
Deus que nele habitasse toda a plenitude, e por meio dele
reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra
quanto as que estão nos céus, estabelecendo a paz pelo seu sangue
derramado na cruz.” (Colossenses 1:13 a 20)
O mistério da salvação é
irracional. Como Deus deixa o céu e se despe de sua glória para
encarnar em forma humana e sofrer até a morte para salvar dela o
homem que resolveu traí-lo depois de receber a vida e tudo o mais
dele? Não consigo compreender como Jesus me ama tanto assim, mas
esse fato me leva a amá-lo e servi-lo. Isso o torna digno de toda a
minha adoração, amor e lealdade. E isso é tudo o que ele espera.
O amor de Deus por meio de Cristo
alcança todo aquele que crê nele e lhe abre as portas do céu,
dando-lhe vida abundante de graça aqui e vida eterna com ele no
futuro. A salvação é um presente de Jesus a cada um de nós, só
precisamos aceitar.
“Porque Deus amou o mundo
tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer
não morra, mas tenha a vida eterna.” João 3:16
Feliz Páscoa!
Referências
História da
Redenção – Ellen G. White
Bíblia – Nova
Tradução na Linguagem de Hoje e Nova Versão Internacional
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