Quando pequeno meu pai sempre contava histórias para nós. Havia
alguma coisa útil naquelas histórias. Falavam de honra, coragem,
sabedoria, persistência e outras coisas importantes. Jesus também
gostava de histórias, e para ilustrar seus ensinos usou algumas
parábolas. As figuras de linguagem dessas histórias simples ficavam
na mente dos ouvintes de Cristo, assim eles sempre recordavam as
grandes lições do Mestre. Dentre as parábolas de Cristo a parábola
da Pérola de Grande Preço me chama a atenção:
“O Reino do Céu é também como um comerciante que anda
procurando pérolas finas. Quando encontra uma pérola que é mesmo
de grande valor, ele vai, vende tudo o que tem e compra a pérola.”
Mateus 13:45 e 46
Os elementos de linguagem usados pelo Mestre nessa parábola são o
comerciante e a pérola. O comerciante é aquele que busca algo de
grande valor, a pérola de grande preço. Muitas pessoas buscam o
melhor do espírito humano na literatura, ciência, arte, religião e
filosofia. Nessa busca pelo melhor, em um momento, o homem se depara
com Cristo, a pérola de grande preço. Qual o valor dele? Para mim é
infinito, considerando alguns fatos revelados nas Escrituras sobre
ele:
- “Antes de ser criado o mundo, aquele que é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e era Deus. Desde o princípio, a Palavra estava com Deus. Por meio da Palavra, Deus fez todas as coisas, e nada do que existe foi feito sem ela. A Palavra se tornou um ser humano e morou entre nós, cheia de amor e de verdade. E nós vimos a revelação da sua natureza divina, natureza que ele recebeu como Filho único do Pai.” João 1:1 a 3 e 14 “Ele, o primeiro Filho, é a revelação visível do Deus invisível; ele é superior a todas as coisas criadas. Pois, por meio dele, Deus criou tudo, no céu e na terra, tanto o que se vê como o que não se vê, inclusive todos os poderes espirituais, as forças, os governos e as autoridades. Por meio dele e para ele, Deus criou todo o Universo. Antes de tudo, ele já existia, e, por estarem unidas com ele, todas as coisas são conservadas em ordem e harmonia.” Colossenses 1:15 a 17 “O Filho brilha com o brilho da glória de Deus e é a perfeita semelhança do próprio Deus. Ele sustenta o Universo com a sua palavra poderosa. (…)” Hebreus 1:3 “Abraão, o pai de vocês, ficou alegre ao ver o tempo da minha vinda. Ele viu esse tempo e ficou feliz. – Você não tem cinquenta anos e viu Abraão? – perguntaram eles. – Eu afirmo a vocês que isto é verdade: antes de Abraão nascer, “EU SOU”! – respondeu Jesus.” “Eu e o Pai somos um.” João 8:57 e 58; 10:30.
- “O pecado entrou no mundo por meio de um só homem, e o seu pecado trouxe consigo a morte. Como resultado, a morte se espalhou por toda a raça humana porque todos pecaram.” Romanos 5:12 “Pois o salário do pecado é a morte (...)” Romanos 6:23
- “Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar que Jesus Cristo tinha: Ele tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus. Pelo contrário, ele abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo, tornando-se assim igual aos seres humanos. E, vivendo a vida comum de um ser humano, ele foi humilde e obedeceu a Deus até a morte – morte de cruz.” Filipenses 2:5 a 8 “Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna.” João 3:16 “O Pai me ama porque eu dou a minha vida para recebê-la outra vez. Ninguém tira a minha vida de mim, mas eu a dou por minha própria vontade. Tenho o direito de dá-la e tornar a recebê-la, pois foi isso o que o meu Pai me mandou fazer.” João 10:17 e 18 “Se pela transgressão de um só a morte reinou por meio dele, muito mais aqueles que recebem de Deus a imensa provisão da graça e a dádiva da justiça reinarão em vida por meio de um único homem, Jesus Cristo.” Romanos 5:17 “Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude, e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão nos céus, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz.” Colossenses 1:19 e 20
Há pouco mais de dois mil anos nasceu Emanuel, Deus Conosco! Nosso
Criador, humilhando-se, deixando seu trono e ocultando sua glória
divina, vivendo entre nós como um de nós. Sofrendo fome, tentações
e toda sorte de infortúnios que nós sofremos, submisso até a
morte. Porquê? Para quê? Para reconciliar-nos com Deus, com sua
lei, por amor de nós. A descrição do plano de Deus para nos livrar
da condenação do nosso pecado, enviando Cristo, que mais me chama a
atenção, é a de Isaías. Ele contemplou a Cruz e compreendeu
aquela cena e toda a grandeza do amor de Deus revelada ali:
O Senhor Deus diz: “Tudo o que o meu servo fizer dará certo;
ele será louvado e receberá muitas homenagens. Muitos ficaram
horrorizados quando o viram, pois ele estava tão desfigurado, que
nem parecia um ser humano. Mas agora muitos povos ficarão admirados
quando o virem, e muitos reis não saberão o que dizer. Pois verão
coisas de que ninguém havia falado, entenderão aquilo que nunca
tinham ouvido.”
O povo diz: “Quem poderia crer naquilo que acabamos de ouvir?
Quem diria que o Senhor estava agindo? Pois o Senhor quis que o seu
servo aparecesse como uma plantinha que brota e vai crescendo em
terra seca. Ele não era bonito nem simpático, nem tinha nenhuma
beleza que chamasse a nossa atenção ou que nos agradasse. Ele foi
rejeitado e desprezado por todos; ele suportou dores e sofrimento sem
fim. Era como alguém que não queremos ver; nós nem mesmo olhávamos
para ele e o desprezávamos. No entanto, era o nosso sofrimento que
ele estava carregando, era a nossa dor que ele estava suportando. E
nós pensávamos que era por causa das suas próprias culpas que Deus
o estava castigando, que Deus o estava maltratando e ferindo. Porém
ele estava sofrendo por causa dos nossos pecados, estava sendo
castigado por causa das nossas maldades. Nós somos curados pelo
castigo que ele sofreu, somos sarados pelos ferimentos que ele
recebeu. Todos nós éramos como ovelhas que se haviam perdido; cada
um de nós seguia o seu próprio caminho. Mas o Senhor castigou o seu
servo; fez com que ele sofresse o castigo que nós merecíamos. Ele
foi maltratado, mas aguentou tudo humildemente e não disse uma só
palavra. Ficou calado como um cordeiro que vai ser morto, como uma
ovelha quando cortam a sua lã. Foi preso, condenado e levado para
ser morto, e ninguém se importou com o que ia acontecer com ele. Ele
foi expulso do mundo dos vivos, foi morto por causa dos pecados do
nosso povo. Foi enterrado ao lado de criminosos, foi sepultado com os
ricos, embora nunca tivesse cometido crime nenhum, nem tivesse dito
uma só mentira.”
O Senhor Deus diz: “Eu quis maltratá-lo, quis fazê-lo sofrer.
Ele ofereceu a sua vida como sacrifício para tirar pecados e por
isso terá uma vida longa e verá os seus descendentes. Ele fará com
que o meu plano dê certo. Depois de tanto sofrimento, ele será
feliz; por causa da sua dedicação, ele ficará completamente
satisfeito. O meu servo não tem pecado, mas ele sofrerá o castigo
que muitos merecem, e assim os pecados deles serão perdoados. Por
isso, eu lhe darei um lugar de honra; ele receberá a sua recompensa
junto com os grandes e os poderosos. Pois ele deu a sua própria vida
e foi tratado como se fosse um criminoso. Ele levou a culpa dos
pecados de muitos e orou pedindo que eles fossem perdoados.” Isaías
52:13 a 15; 53.
Pelo pecado, transgressão da lei eterna de Deus, todos nós estamos
condenados à morte, a penalidade exigida pela lei. A lei tinha que
ser cumprida, alguém tinha de pagar pelo pecado. Em nosso sistema
jurídico quando um crime é perdoado ninguém paga por ele, mas a
justiça de Deus é perfeita. Diante dele nunca um crime fica sem
punição. Alguém tem que arrostar a pena da transgressão. Mas a
pena implica na morte eterna, eterna separação, de todo ser humano.
Então a justiça e a paz se beijaram. Deus tinha que fazer justiça,
mas queria salvar cada ser humano da morte, cada um de nós. Como?
Jesus, Deus Criador, um com o Pai, se oferece para se humilhar e
sofrer a pior das mortes, separando-se do Pai naquela cruz, tendo
sobre si o pecado de toda a humanidade, pagando nossa pena, para nos
livrar da condenação da morte. O plano do Senhor foi então posto
em prática, e veio Cristo, Deus Conosco, e deu-se a si mesmo por
nós, por sua própria vontade, por amor. Ele paga por nossa maldade
e nos perdoa, dando-nos poder para viver uma nova vida, mais
semelhante à dele, livre do pecado.
Que amor! Que Deus! A glória revelada na cruz é o maior testemunho
do amor de Deus.
O pecado é tão terrível, tão repulsivo, que custou a vida do
Filho de Deus. Que coisa mais hedionda. Diante da cruz eu me
pergunto: Porque tinha meu Senhor que padecer morte tão cruel por um
pecador indigno como eu, quando ainda estava morto em meus pecados? A
lei eterna de Deus não podia ser mudada, por isso Cristo escolheu
morrer, para satisfazer a exigência da sua lei. “Vejam como é
grande o amor que o Pai nos concedeu: sermos chamados filhos de Deus,
o que de fato somos! Por isso o mundo não nos conhece, porque não o
conheceu.” 1 João 3:1 “Nós amamos porque ele nos amou
primeiro.” 1 João 4:19
O amor de Jesus nos leva a evitar todo pecado, essa coisa terrível
que custou a vida do Salvador. Não queremos causar mais dor ao
coração de quem nos ama tanto. Contemplando a cruz, meditando no
mistério do Deus pessoal que deixa a sua glória para vir padecer a
pior das mortes, pagando pela culpa de uma humanidade má,
imerecedora, sofrendo escárnio deles mesmos, para dar a eles sua
vida, teremos um vislumbre da glória desse amor infinito. A vida
eterna é gratuita para cada um de nós, mas custou tudo para Jesus.
Por outro lado custa tudo para nós, porque como disse Cristo na
parábola, comprar a pérola de grande preço implica entregar tudo a
ele: vontade, desejos, talentos, projetos, tempo, tudo. Viver por ele
e para ele, seguindo seu propósito para nossa vida em cada detalhe.
Uma resposta natural de amor ao amor de quem deu tudo por nós.
Esse é o Deus que eu conheço. E fico pensando: quando conhecemos
uma pessoa de valor, alguém que marca nossa vida, a amizade e o amor
crescem naquele relacionamento, e é uma alegria compartilhar
momentos da vida com essa pessoa. Jesus é assim. Ele é o melhor
amigo que alguém pode ter, e ao contemplar o amor indescritível
revelado na pessoa dele, e relembrando como tem atuado de forma tão
maravilhosa na minha vida, fico pensando em como será maravilhoso
aquele encontro com ele no dia em que vier. Eu quero estar pronto
para recebê-lo com alegria e louvor naquele dia.
A Palavra de Deus nos revela o seu amor. Essa mensagem é um pálido
reflexo da profundeza da revelação de Deus. Para concluir quero
compartilhar com você uma oração de nosso Senhor Jesus pelos
apóstolos e por nós, antes de sua morte na cruz:
“Eu revelei teu nome àqueles que do mundo me deste. Eles eram
teus; tu os deste a mim, e eles têm obedecido à tua palavra. Agora
eles sabem que tudo o que me deste vem de ti. Pois eu lhes transmiti
as palavras que me deste, e eles as aceitaram. Eles reconheceram de
fato que vim de ti e creram que tu me enviaste. Eu rogo por eles. Não
estou rogando pelo mundo, mas por aqueles que me deste, pois são
teus. Tudo o que tenho é teu, e tudo o que tens é meu. E eu tenho
sido glorificado por meio deles. Não ficarei mais no mundo, mas eles
ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, protege-os em teu
nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um.
Enquanto estava com eles, eu os protegi e os guardei no nome que me
deste. Nenhum deles se perdeu, a não ser aquele que estava destinado
à perdição, para que se cumprisse a Escritura. Agora vou para ti,
mas digo estas coisas enquanto ainda estou no mundo, para que eles
tenham a plenitude da minha alegria. Dei-lhes a tua palavra, e o
mundo os odiou, pois eles não são do mundo, como eu também não
sou. Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do maligno.
Eles não são do mundo, como eu também não sou. Santifica-os na
verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como me enviaste ao mundo,
eu os enviei ao mundo. Em favor deles eu me santifico, para que
também eles sejam santificados pela verdade.
“Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por
aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que
todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles
também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.
Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como
nós somos um: eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena
unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste. Pai,
quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a
minha glória, a glória que me deste porque me amaste antes da
criação do mundo. Pai justo, embora o mundo não te conheça, eu te
conheço, e estes sabem que tu me enviaste. Eu os fiz conhecer o teu
nome, e continuarei a fazê-lo, a fim de que o amor que tens por mim
esteja neles, e eu neles esteja.” João 17:6 a 26
A paz de Cristo esteja contigo!
Referências
Comentário Bíblico Homilético – Mateus – Mário
Veloso
Bíblia – Nova Tradução na Linguagem de Hoje e
Nova Versão Internacional

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